03/07/2012:
Sociedade brasileira comemora aprovação
dos 10% do PIB para a educação pública

Sociedade brasileira comemora aprovação dos 10% do PIB para a educação
pública
Brasil, 27 de junho de 2012.
Centenas de ativistas, estudantes, professores,
gestores e especialistas de educação comemoraram na noite desta terça-feira,
26/6, a aprovação do percentual equivalente a 10% do PIB para a educação
pública.
Depois de 17 meses em tramitação na Câmara dos Deputados, o Plano Nacional de
Educação (PNE –
) foi finalmente aprovado pela Comissão Especial que analisa a
matéria. Em relação à meta 20, sobre o financiamento da educação, deputados e
deputadas foram unânimes em aprovar o patamar de 10% do PIB.
“Com uma posição suprapartidária e partidária, sim, a favor da educação e da
soberania deste País, aprovamos o Plano Nacional de Educação, com um conjunto de
avanços que foram possíveis de serem negociados entre todos os partidos, que
aperfeiçoaram a proposta do Executivo”, afirmou Newton Lima, presidente da
Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados.
Pressionado pelo Governo Federal, o presidente da Comissão Especial, deputado
Lelo Coimbra (PMDB-ES) chegou a sugerir que a votação, mais uma vez, fosse
adiada. Porém, os diversos movimentos sociais presentes pressionaram para que a
deliberação final acontecesse ainda no fim do dia de ontem. Assim, às 19h30, os
deputados e deputadas retornaram ao Plenário 8, após cumprirem agenda no
Plenário da Casa, e aprovaram o índice equivalente a 10% do PIB para a educação
pública a ser alcançado em dez anos.
Após a aprovação, manifestantes tomaram o Plenário e comemoram a emblemática
vitória, construída em uma longa jornada de 17 meses.
O coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara,
acredita que a interação entre a sociedade civil e o parlamento foi o principal
fator para a aprovação dos 10% do PIB para a educação. "A Câmara dos Deputados
abriu espaço para a sociedade civil, questionou, ponderou, negociou e nós
realizamos nosso papel de defender princípios, acompanhar, propor e apresentar
soluções para a garantia de um PNE pra Valer. No saldo, quem ganhou foi o
Brasil."
Para o deputado Paulo Rubem Santiago (PDT-PE), redator do destaque aprovado
ontem sobre o financiamento da educação, o papel da Campanha Nacional pelo
Direito à Educação durante a tramitação do PNE foi fundamental para convencer os
deputados da viabilidade dos 10% do PIB para a educação pública. “Sem a
participação da Campanha nós não teríamos chegado a essa conquista. A Campanha é
uma expressão, bem ampla, de todas as entidades e movimentos que lutam por uma
educação pública de qualidade. O rigor técnico e a qualidade das informações que
a Campanha ofereceu aos deputados foram fundamentais para a gente virar o jogo”,
afirmou.
Para a deputada Professora Dorinha (DEM-TO), “o papel da Campanha foi
extremamente importante não só do ponto de vista técnico, mas do ponto de vista
político. A Campanha nos deu argumentos sólidos”, disse.
O deputado Izalci Lucas (PR-DF) concorda. “O papel da sociedade civil, em
especial da Campanha, foi fundamental não só em relação ao acompanhamento da
matéria, mas principalmente subsidiando nossas posições, isso foi muito
importante”.
Para o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), a aprovação do PNE com 10% do PIB para a
educação pública pode ser considerada um avanço. "É o mínimo para enfrentar o
passivo educacional brasileiro." Segundo o parlamentar, o dia de ontem marcou
uma vitória do movimento educacional. "Sem a Campanha, o texto do Vanhoni com
7,5% do PIB ou 8% do PIB seria aprovado, mas este patamar seria insuficiente."
Na sessão de ontem, pouco antes da aprovação no plenário, a deputada Fátima
Bezerra (PT-RN), defendeu que "quem não acredita na força da sociedade civil
aprendeu uma boa lição". Para Fátima "o PNE tem a cara da sociedade brasileira,
a cara dos movimentos sociais, que lutaram. Em especial a Campanha, o movimento
estudantil, os trabalhadores e gestores da educação".
Movimento PNE pra Valer! - Antes
mesmo do PL 8035/2010 iniciar sua tramitação no Congresso Nacional, o movimento
“PNE pra Valer!”, criado e coordenado pela Campanha Nacional pelo Direito à
Educação, vem incidindo na criação do novo plano educacional. A participação da
rede começou desde as etapas estaduais da Coneb (Conferência Nacional de
Educação Básica), passando pela Conae (Conferência Nacional de Educação),
encerrada em abril de 2010. Em fevereiro de 2011, a rede apresentou
ao projeto de lei, sendo a pioneira na iniciativa. Diversas
destas emendas da Campanha foram incorporadas integralmente por deputados da
Comissão Especial do PNE e constam do relatório substitutivo aprovado ontem.
Audiências Públicas– A Campanha participou de todas as audiências
públicas na Comissão Especial que analisa o PNE. Em boa parte delas,
representantes da rede foram expositores, defendendo as posições coletivas.
Além disso, desde o envio das emendas ao Congresso Nacional, ativistas e
organizações do movimento “PNE pra Valer!” realizaram, em todo o território
nacional, uma série de iniciativas e mobilizações a fim de que o maior número de
pessoas possível entendesse o que significa e o que implica ter um novo Plano
Nacional de Educação. Além de diversas atividades em Brasília, mais de 50
eventos públicos foram realizados em 14 Estados e no DF, com a participação de
mais de 20 mil pessoas, incluindo parlamentares da Comissão Especial do PNE.
Nota Técnica - Em agosto de 2011, a Campanha divulgou
Nota Técnica justificando a necessidade de aplicação equivalente a 10% do
PIB em educação no País. O documento utilizou a mesma metodologia da planilha de
custos do MEC e comprovou que a proposta de 7% do PIB, feita pelo Governo
Federal, é insuficiente para garantir o direito a uma educação pública de
qualidade. Para as organizações que compõem o movimento, este indicador é sinal
da manutenção da expansão precária do acesso à educação.
Outro instrumento que auxiliou muito a luta da Campanha junto aos deputados foi
o estudo produzido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada),
. Segundo o estudo, que utiliza a
e a Nota Técnica produzida pela
Campanha Nacional pelo Direito à Educação como referências, o patamar de 7% do
PIB em investimento público direto é insuficiente para as necessidades
educacionais do Brasil. Embora não afirme concordância com o texto produzido
pela Campanha, toma-o como referência e conclui listando e detalhando fontes de
financiamento capazes de viabilizar um investimento público equivalente a 10% do
PIB em educação pública.
Próximos passos - a partir da próxima
semana, a coordenação da Campanha Nacional pelo Direito à Educação retomará
conversas já iniciadas com senadores e senadoras para aprimorar o texto aprovado
na Câmara dos Deputados. Além de melhorias necessárias, também trabalhará para
que não ocorram retrocessos.
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